11 novembro 2006

Novos e velhos ÍnDex

Certos gurus do pensamento de alguma classe média e média-alta que há muito esqueceram os seus desvios esquerdistas da juventude, desataram agora mais concertadamente a bramar contra o anonimato nos blogs (não nas caixas de comentários da comunicação social on line, de onde todos os meses lhes pingam uns chorudos cobres, claro).
Sobre o tema já muito foi escrito pelo José, que ainda esta semana reincidiu mais que uma vez, tal como o Manuel (ver aqui, ali e em vários posts recentes além).
Com pontos de vista em muito coincidentes mas outros, de grande relevância teórica e prática, bem diversos dos do José, o nosso anónimo Coutinho Ribeiro escreveu também sobre o tema, mais recentemente em comentários àquele post do José e também no estaminé dele.
Francisco Bruto da Costa também já se pronunciou várias vezes sobre o tema, v.g. ali, em sentido semelhante ao de CR e JAB.

Os colaboradores e leitores do Incursões sabem que é esta última a "linha editorial" deste nosso blog - a de admitir os escritos anónimos mas não contemporizar com difamações, injúrias, ou insultos. Por isso alguns (poucos) comentários foram apagados, em regra com referência ao facto, mas não necessariamente. Por mim assim continuará a ser. É que, cautelas jurídicas á parte, também "este blog é a minha casa e ainda sou dos que não hesistam em pegar pelo braço e pôr na rua quem não quero que a frequente."

E para honra e glória dos anónimos aqui deixo ficar link para um blog realmente anónimo, porque o é e porque os temas e estilo de abordagem se adequam bem ao nosso Estatuto Editorial. Quem sabe se o guy não terá mesmo andado, ou andará, de vez em quando, por estas bandas, a escrever com outro nick? Não saberemos, que o anonimato aqui respeita-se !

Para a side bar JÁ! :)

12 comentários:

Informática do Direito disse...

Apesar de ser um tema em aberto, mantenho quanto já afirmei sobre o anonimato e a responsabilidade dos bloggers.
Mas não deixo de achar uma certa piada ao horror que alguns jornalistas agora manifestam pelo anonimato de alguns blogs.
Parece que nos jornais deles nunca se publicou nada em “off” com conteúdo difamatório.
Parece que a recurso a notícias baseadas em “fontes judiciais” ou “fontes ligadas à investigação” ou outras fontes quaisquer, não têm por base o mesmíssimo anonimato...
Não há espectáculo mais triste do que ver Madammes especialistas na passerelle e no trottoir armadas em virgens.

Kamikaze (L.P.) disse...

Seja bem regressado quem regressa por bem... como é o caso.
Senti a ausência, até pela falta de receita novas (as da culinária, mas não só :)

o sibilo da serpente disse...

Caro FBC:
Subscrevo tudo o que diz. Mas há uma particularidade: quando os jornalistas publicam conteúdos difamatórios com base em informações anónimas que não revelam chegam ao tribual e tramam-se.

Informática do Direito disse...

Chegam os que chegam, meu caro.
Estou convencido de que devem chegar a Tribunal não mais de 10 a 15% dos reais abusos de liberdade de imprensa cometidos.

o sibilo da serpente disse...

Bem, mas isso depende dos ofendidos, caríssimo. Se não se queixam, não pode haver processos...

Informática do Direito disse...

Ó Dr. Coutinho Ribeiro, isso nem parece seu, uma pessoa esclarecida e realista.
Para o meu Exmo. Colega e para mim, como para a maior parte dos juristas, não será demasiado penalizante espetar com um caluniador no banco dos réus.
Mas para o cidadão médio, já pensou o que será ?
Procurar um Advogado, marcar consulta, pagar a provisão, adiantar o dinheiro para custas e preparo inicial - o pobre já gastou 100 ou 200 contos ainda antes de a acção dar entrada em Tribunal.
Claro, sendo realista, o melhor é meter a viola no saco em vez de se alargar em despesas cujo retorno é altamente problemático.
Sem falar no medo que o cidadão médio tem dos jornalistas e do seu poder para tornar ainda pior uma situação que já é má...
As pessoas não se queixam por não quererem - não se queixam porque não é fácil afrontar os poderosos e seguramente que é caro, seja qual fôr o resultado final da queixa.

o sibilo da serpente disse...

Caro Dr. Francisco Bruto da Costa:
Creio que nos afastamos do que estava em causa, ao discorrermos agora sobre os custos da justiça que, obviamente, está cara. Mas não é isso o que estava em causa na nossa discussão. De resto a justiça será tão cara caso o processo seja desencadeado contra um jornal ou contra um blog. O que está em causa - e foi isso que pretendi com o meu apontamento - é que nos jornais há sempre quem seja responsável, seja o director, seja o autor da peça elaborada sobre fontes anónimas. Nos blogs, pelo contrário e seguindo algumas teses que andam por aí, mesmo que haja dinheiro e vontade de avançar com a queixa, parece que não há responsáveis, porque ou são anónimos ou os administradores dos blogs não devem ser responsabilizados.

M.C.R. disse...

Meu Caro Amigo Dr Coutinho Ribeiro

Bem se vê que V. nunca teve de andar atrás do director de um jornal para o citar. Só para exemplo: houve quem andasse anos atrás do Paulo Portas por via do que se escrevia no Independente. Anos! Desconheço as razões do não achamento (ou não me atrevo a dizê-las....) mas isso é verdade e os ofendidos tinham estatuto, dinheiro e raiva que sobravam. O diabo era citar o cavalheiro.
Com tudo isto não quero dizer que um blog anónimo seja igual a um jornal com director estabelecido. Claro que não é.
Mas também gostaria de acrescentar que escrever um desmentido para um jornal é coisa dificil. sobretudo se o jornal usar de comentários a latere. basta o exemplo de um desmentido de R Rio ao Público ainda há dias. E havia até uma decisão claríssima da ERC... mesmo assim, embora publicando o desmentido, o público consegue deixar a ideia de que estava a ser injustiçado, coisa que não me pareceu de todo clara. E V. sabe como gosto de Rio...

o sibilo da serpente disse...

Caro MCR:
Não se pode partir de um exemplo particular para abalar todo o edifício. O que conta é um caso de mau funcionamento da justiça. Sobre os desmentidos, lá estão as regras atinentes ao direito de resposta para resolver o assunto. E no caso concreto, a ERC até obrigou o Público a republicar o direito de resposta de Rui Rio.

E não pense que estou sempre ao lado dos jornalistas. Veja o que escrevo no Anónimo, num postal sobre o caso MST.

Um abraço

Kamikaze (L.P.) disse...

Coutinho: e quem é responsável pelos escritos insultuosos nas caixas de comentários dos jornais on line? os directores?

Quanto ao anonimato: um comentário de blogger não registado, ou seja, de um verdadeiro "anonymous" (note-se que aqui no Incursões não há disso), deixa como rasto o IP de onde postou ou nem isso? Já em tempos aqui deixei esta pergunta, mas ninguém me esclareceu.

Claro que não esqueço que um blogger registado, que esse sim, sei que deixa o rasto do IP, pode sempre postar de um cyber café ou similar...e aí não há IP que valha... a não ser que os donos dos cyber-cafés passem também a ser responsabilizados pelos posts e comentários insultuodos que se fizerem a partir das suas chafaricas...

o sibilo da serpente disse...

Coutinho: e quem é responsável pelos escritos insultuosos nas caixas de comentários dos jornais on line? os directores?

PARECE-ME EVIDENTE QUE SIM. E, SE NÃO OS DIRECTORES, PELO MENOS OS EDITORES DAS EDIÇÕES ONLINE.

Quanto ao anonimato: um comentário de blogger não registado, ou seja, de um verdadeiro "anonymous" (note-se que aqui no Incursões não há disso), deixa como rasto o IP de onde postou ou nem isso? Já em tempos aqui deixei esta pergunta, mas ninguém me esclareceu.

SOBRE ESTA QUESTÃO NÃO POSSO ESCLARECER. SEI APENAS QUE É POSSÍVEL "ENTRAR" NO IP DE OUTRA PESSOA E METER UM COMENTÁRIO POR AÍ. JÁ ACONTECEU NUM PROCESSO EM QUE FUI ADVOGADO.

Claro que não esqueço que um blogger registado, que esse sim, sei que deixa o rasto do IP, pode sempre postar de um cyber café ou similar...e aí não há IP que valha... a não ser que os donos dos cyber-cafés passem também a ser responsabilizados pelos posts e comentários insultuodos que se fizerem a partir das suas chafaricas...

OS DONOS DOS CYBER CAFÉ NÃO DEVEM SE RESPONSABILIZADOS. OS WEBMASTER DOS SÍTIOS ONDE SÃO COLOCADOS SIM, DESDE QUE TENHAM CONHECIMENTO ATEMPADO DO COMENTÁRIO E NÃO O REMOVAM (NO CASO CONCRETO ERA ATÉ UM FÓRUM). TAMBÉM JÁ FUI ADVOGADO NUM PROCESSO DESTES. O MP ACUSOU. NÃO HOUVE DECISÃO, PORQUE O OFENDIDO DESISTIU. E EU AGRADECI.

josé disse...

Caro Coutinho Ribeiro:

O povo diz com razão que a palavras loucas, ouvidos moucos.

É notório, na net e nas caixas de comentários de blgos, a existência de desequilibrados, alguns deles com gravidade psiquiátrica.

Vai dar importância a doidos, ainda por cima anónimos de todo?

Para mim, é essa uma das chaves para resolver o problema: a doidos não se pode dar ouvidos. Ignoram-se.
O problema, no entanto, é a distinção. Há quem disfarce a perturbação mental, na escrita. Oralmente e pessoalmente é mais fácil de verificar desequilíbrios. Por escrito, por vezes a loucura anda de mão dada com tiradas geniais.
Mas não deixa de ser loucura perturbadora, nalguns casos.

Não me diga que não nota, por aí nessas caixas de comentários e em determinados blogs, exemplos desses...